Jonatan Rafael
O destino do jornal impresso é ainda incerto, contudo, não é preciso ser umespecialista na área para saber que a
queda nas vendas foi vertiginosa. Grupos, como o gigantesco Times, anunciaram que suas versões em
papel estão próximas à bancarrota. Jornais tradicionais – aqueles direcionados
à classe média - são os que mais sofrem com a crise na imprensa,
principalmente, porque, a maioria de seus leitores têm buscado notícias no meio
on line – fato que obrigou, jornais
como a Folha de S. Paulo, a disponibilizar todo o conteúdo do impresso na
internet, gratuitamente.
Ao certo, impreciso dizer se a
situação é um avanço ou um retrocesso. No início dos jornalismo on line, que iniciou no Brasil na década
de 90 com o Jornal do Brasil, o conteúdo disponível na web era exatamente o
mesmo que se podia encontrar no exemplar vendido nas bancas. Tudo estava ali,
todas as teorias jornalísticas se faziam presentes naquele “jornal de
internet”, desde a pirâmide invertida, até a sisudez do texto escrito para o
impresso (PENA, 2005). Novas dinâmicas foram propostas para o “jornal de
internet” – porque, afinal, ele não passava disso, uma réplica digital do
exemplar físico -, que o transformaram no
jornalismo on line/web journal, mas que ainda estava preso ao texto e
poucas fotos - sendo que o ambiente virtual permite ao algo muito maior. Porém,
hoje, pode-se notar a incrível uma incrível evolução que desaguou no
CIBERJORNALISMO.
O termo é ainda pouco usado, pois
muitos acreditam ser, somente, um sinônimo de jornalismo on line. No entanto,
não é. O ciberjornalismo engloba as funções multimídias, aliadas à
instantaneidade da internet e, claro, as mídias sociais. Essa postura, focada
no conteúdo e não no leitor é parte do que Lemos e Lévy (2010) chama de web semântica, ou seja, todos os
esforços para que se produza informações de qualidade e atrativas serão feitas,
assim, o receptor fica em segundo plano, como uma conseqüência desse processo.
Além disso, o próprio leitor se transforma em um canal de compartilhamento
dessas informações[1].Muitos
jornais fazem ciberjornalismo e, provavelmente, nem se dão conta disso.
Assim, no ciberjornalismo a interação
é a característica de maior vigência. Nesse caso, a interação é mediada por
computadores, algo que parece óbvio em se tratando do ambiente virtual. Talvez,
somente com o aprimoramento do jornalismo digital[2], o
esquema “emissor – mensagem – receptor” mantêm-se, praticamente inalterado, não
fosse a perda da linearidade e pela aquisição do caráter de canal por parte do
receptor (PRIMO, 2008). Assim, a proposição de Mcluahn (1985) de que o meio é a
mensagem, não se torna inválida, afinal, ela ainda continua verdadeira, porém,
é atualizada com “o receptor é um canal”.
Certamente, muitos argumentarão que,
antes, o receptor já era um emissor graças ao feedback. Isso também é correto, porém, atualmente, o receptor dispõe
de ferramentas de comunicação-individual de massa (CASTELLS, 2009), ou seja, implementos
que possibilitam, não só a reprodução e compartilhamento da informação, mas a
adição de novos fatos e a publicação de forma massiva - por blogs, mídias
sociais e etc.
Portanto, o ciberjornalismo vem
sedimentar a nossa era, uma era de informação em excesso e das diversas fontes.
Dia 20 de outubro de 2011, o ditador da Líbia Muamar Kadafi foi capturado e
morto. Pipocaram na internet vídeos feitos pelos rebeldes mostrando a humilhação
daquele homem que castigou seu país. Preste atenção e veja que muitas das
imagens veiculadas na tevê são provenientes dos celulares dos rebeldes que
capturaram Kadafi.
Em outras palavras, a economia da
comunicação (MATELLART; MATELLART, 1999) que iniciou nos anos 60 uma verdadeira
demanda de informação e disseminou a dependência cultural, passa a vivenciar o “outro
lado” em lado, criando uma sociedade mais democrática, porém, ainda dependente,
embora dessa vez, estamos subjugados à informação (LEMOS; LÉVY, 2010).
Bibliografia
CASTELLS,
Manuel. Communication
power. New York: Oxford University Press, 2009.
MATELLART,
Armand; MATELLART, Michèle. Histórias das teorias da
comunicação. São
Paulo: Loyola, 1999.
MCLUHAN,
Marshall. The medium
is the message. Berkeley: Gingko Press, 1985.
PENA,
Felipe. Teoria do jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005.
PRIMO,
Alex. Interação mediada por computador. Porto Alegre: Sulina, 2008.
[1]
Isso pode acontecer de diversas formas, porém, a maior ocorrência é através de
funções como "compartilhar" existente no Facebook, “retweet” no
Twitter e similares, ou ainda, via e-mail.
[2]
Aí sim, epistemologicamente, uma definição para toda e qualquer modalidade de
jornalismo apresentado no ambiente virtual.