sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Teorias do Ciberjornalismo – parte 1



Jonatan Rafael

            O destino do jornal impresso é ainda incerto, contudo, não é preciso ser umespecialista na área para saber que a queda nas vendas foi vertiginosa. Grupos, como o gigantesco Times, anunciaram que suas versões em papel estão próximas à bancarrota. Jornais tradicionais – aqueles direcionados à classe média - são os que mais sofrem com a crise na imprensa, principalmente, porque, a maioria de seus leitores têm buscado notícias no meio on line – fato que obrigou, jornais como a Folha de S. Paulo, a disponibilizar todo o conteúdo do impresso na internet, gratuitamente.
            Ao certo, impreciso dizer se a situação é um avanço ou um retrocesso. No início dos jornalismo on line, que iniciou no Brasil na década de 90 com o Jornal do Brasil, o conteúdo disponível na web era exatamente o mesmo que se podia encontrar no exemplar vendido nas bancas. Tudo estava ali, todas as teorias jornalísticas se faziam presentes naquele “jornal de internet”, desde a pirâmide invertida, até a sisudez do texto escrito para o impresso (PENA, 2005). Novas dinâmicas foram propostas para o “jornal de internet” – porque, afinal, ele não passava disso, uma réplica digital do exemplar físico -, que o transformaram no  jornalismo on line/web journal, mas que ainda estava preso ao texto e poucas fotos - sendo que o ambiente virtual permite ao algo muito maior. Porém, hoje, pode-se notar a incrível uma incrível evolução que desaguou no CIBERJORNALISMO.
            O termo é ainda pouco usado, pois muitos acreditam ser, somente, um sinônimo de jornalismo on line. No entanto, não é. O ciberjornalismo engloba as funções multimídias, aliadas à instantaneidade da internet e, claro, as mídias sociais. Essa postura, focada no conteúdo e não no leitor é parte do que Lemos e Lévy (2010) chama de web semântica, ou seja, todos os esforços para que se produza informações de qualidade e atrativas serão feitas, assim, o receptor fica em segundo plano, como uma conseqüência desse processo. Além disso, o próprio leitor se transforma em um canal de compartilhamento dessas informações[1].Muitos jornais fazem ciberjornalismo e, provavelmente, nem se dão conta disso.
            Assim, no ciberjornalismo a interação é a característica de maior vigência. Nesse caso, a interação é mediada por computadores, algo que parece óbvio em se tratando do ambiente virtual. Talvez, somente com o aprimoramento do jornalismo digital[2], o esquema “emissor – mensagem – receptor” mantêm-se, praticamente inalterado, não fosse a perda da linearidade e pela aquisição do caráter de canal por parte do receptor (PRIMO, 2008). Assim, a proposição de Mcluahn (1985) de que o meio é a mensagem, não se torna inválida, afinal, ela ainda continua verdadeira, porém, é atualizada com “o receptor é um canal”.
            Certamente, muitos argumentarão que, antes, o receptor já era um emissor graças ao feedback. Isso também é correto, porém, atualmente, o receptor dispõe de ferramentas de comunicação-individual de massa (CASTELLS, 2009), ou seja, implementos que possibilitam, não só a reprodução e compartilhamento da informação, mas a adição de novos fatos e a publicação de forma massiva - por blogs, mídias sociais e etc.
            Portanto, o ciberjornalismo vem sedimentar a nossa era, uma era de informação em excesso e das diversas fontes. Dia 20 de outubro de 2011, o ditador da Líbia Muamar Kadafi foi capturado e morto. Pipocaram na internet vídeos feitos pelos rebeldes mostrando a humilhação daquele homem que castigou seu país. Preste atenção e veja que muitas das imagens veiculadas na tevê são provenientes dos celulares dos rebeldes que capturaram Kadafi.
            Em outras palavras, a economia da comunicação (MATELLART; MATELLART, 1999) que iniciou nos anos 60 uma verdadeira demanda de informação e disseminou a dependência cultural, passa a vivenciar o “outro lado” em lado, criando uma sociedade mais democrática, porém, ainda dependente, embora dessa vez, estamos subjugados à informação (LEMOS; LÉVY, 2010).

Bibliografia
CASTELLS, Manuel. Communication power. New York: Oxford University Press, 2009.
MATELLART, Armand; MATELLART, Michèle. Histórias das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola, 1999.
MCLUHAN, Marshall. The medium is the message. Berkeley: Gingko Press, 1985.
PENA, Felipe. Teoria do jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005.
PRIMO, Alex. Interação mediada por computador. Porto Alegre: Sulina, 2008.


[1] Isso pode acontecer de diversas formas, porém, a maior ocorrência é através de funções como "compartilhar" existente no Facebook, “retweet” no Twitter e similares, ou ainda, via e-mail.
[2] Aí sim, epistemologicamente, uma definição para toda e qualquer modalidade de jornalismo apresentado no ambiente virtual.

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