Jonatan Rafael
Quando
Descartes (2008) em 1637 afirmava que a leitura de ficção era o mesmo que
encontrar nobres de outros tempos e que estimulava a imaginação a viagens e
experiências improváveis, não poderia ele conceber que quatro séculos mais
tarde tudo o que disse seria possível por meio de uma intrincada rede de
máquinas com a capacidade de simular um universo em paralelo[1].
Atualmente,
utilizamos o mesmo processo descrito por René Descartes, porém, ao invés de
livros, temos em nossas mãos computadores, smartphones
e tablets ou qualquer outro
equipamento digital que permita a mediação eletrônica entre conteúdo e
receptor. Podemos dizer que a aquisição desse conhecimento não acontece de
forma teórica ou prática, mas sim por simulação e que é descrito por Lévy
(2010) como a “imaginação auxiliada por computador”.
No
período inicial, a simulação do real tinha como objetivo o escape e a
libertação e era muito bem estereotipada pelos videogames, porém, com os
avanços da informática, os computadores passaram a integrar os maiores
elementos para que um "universo em paralelo” fosse criado e vivenciado.
Aos
poucos, com o que Mcluhan (2007) chamou de “revolução elétrica”, os meios
digitais de comunicação se popularizaram e foram atualizados. Escolas de todo o
mundo adquiriam computadores como elementos de auxílio no processo de
aprendizagem e davam noções de manuseio da informática aos seus alunos. No
entanto, eles ainda precisavam freqüentar, fisicamente, a escola. Na existia,
naquele momento, a incorporação da internet como instrumento, era ainda vista
com diversão, recreio para aqueles alunos fatigados do conteúdo programático
escolar.
A
partir de então, a memória informacional tomou o lugar da experiência que
exigia a execução para que o conhecimento pudesse ser consolidado, visando não
somente a qualidade na aprendizagem, mas também a velocidade. Porém, quando
falamos em velocidade de informação, percebemos que a fonte transmite as
informações modo associativo, ou seja, um assunto leva o receptor a outro e
assim por diante, criando um ciclo infindável de ligações (BUSH, 1945).
Dessa
forma, somente o significado é importante, ou seja, o caráter interpretativo é
que recebe prioridade, e então entram elementos gráficos, por exemplo, para
auxiliar a compreensão do significado de termo ou conceito. O fenômeno é
descrito por Pierre Lévy (2010) com o declínio da verdade. Nesse ínterim,
propõe que a verdade deixa de ser um axioma e está, também, passível de
interpretações, nunca mais sendo absoluta.
No
caso da mediação por computador, as associações não ocorrem apenas de forma
escrita, ao contrário, as imagens e outras estratagemas interativas são criadas
para que o aluno possa compreender e memorizar o que lhe é ministrado. Logo, o
processo de aprendizagem por mediação digital transforma-se em uma excelente
alternativa para receptores com afasia, concebendo tipologias gráficas de maior
inteligibilidade para esse público em especial.
Identificamos
que os elementos cognitivos deixaram de ser estabelecidos pela dicotomia certo e errado e deram vazão ao campo interpretativo. Correntes lingüísticas
defendem que, em determinados contextos, não é possível julgar erros gramaticais
e de pronúncia, tornando necessária a análise dos motivos que levaram aos
"erros".
Bubliografia
BUSH, Vannevar. As we may think. 1945. Disponível em: http://www.theatlantic.com/magazine/archive/1945/07/as-we-may-think/3881/.
Acesso em 25/09/2011.
DESCARTES, René. Discurso sobre o método. Petrópolis:
Vozes, 2008.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do
pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2010.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do
homem. São Paulo: Cultrix, 2007.
SJANNON, C. E.. A Mathematical
theory of communication.1948. Disponível em http://cm.bell-labs.com/cm/ms/what/shannonday/shannon1948.pdf.
Acesso em 25/09/2011.
Leitura complementar
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se
faz. São Paulo; Loyola, 1999.
JAKOBSON, Roman. Dois aspectos da linguagem e dois tipos de
afasia in Linguística e comunicação.
São Paulo: Cultrix, 2010.
[1]É importante diferenciar “universo paralelo” de “universo em paralelo”.
Enquanto a primeira acepção refere-se à anulação do universo real, a segunda
permite a existência do real e do virtual – e que é o caso do ciberespaço.